26.3.06

np: quatro e quatro: in my car



Flanger // Crime In The Pale Moonlight
Flanger // How Long Is The Wrong Way?

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Spirituals, 2005

23.3.06

aracne

Gregor transformou-se em barata gigante.
Eu não: fiz-me aranhiço,
tão leve que uma leve brisa o faz
oscilar no seu fio de baba lisa.
Até que, contra a lei da natureza,
creio que tenho peso negativo,
e me elevo no ar se me não prendo
ao canto mais escuro desta ilha.
Quando descer à teia derradeira
não se verá no mundo alteração, ou só
talvez alguma mosca mais contente.
Em noites de luar, na alta esquina,
ficará a brilhar, mas sem ser vista,
a estrela que tracei como armadilha.

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António Franco Alexandre, Aracne
Assírio & Alvim, 2004

brincar com fécula de batata

.: : Uma Casa Portuguesa : :.
colecções de antigos e genuínos produtos de criação portuguesa

20.3.06

np: vinte e uma e quarenta e oito



Harmonic 33 // Optigan
Harmonic 33 // Carousel
Harmonic 33 // Marionette

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Music For Film, Television & Radio Volume 1, 2005

chá gorreana



Em 1874, chegaram aos Açores (Ilha de S. Miguel) as primeiras sementes de Camellia sinensis — a planta do chá — e, alguns anos mais tarde, foram chamados dois especialistas chineses que se dedicaram a ensinar aos fabricantes locais as técnicas de preparação das folhas.
Todas as variedades de chá provêm dos rebentos jovens desta planta. As diferenças derivam do clima, do período da colheita e do tratamento a que são submetidos posteriormente.

Chegaram a funcionar na Ilha de S. Miguel mais de uma dezena de plantações com fábrica própria. Entre elas encontrava-se a Gorreana, que é, actualmente, a única plantação com fábrica de chá de toda a Europa.
A Gorreana produz chá verde e chá preto ortodoxo, assim designado porque durante o processo de transformação das folhas estas ficam, na sua maioria, enroladas e inteiras — tal como acontecia com o chá que era trabalhado com as mãos e não por meio das novas tecnologias, que deixam as folhas partidas ou esmagadas.

A selecção das folhas dá origem aos diferentes tipos ou graus de chá preto. Os tipos de chá preto produzidos pela Gorreana são o Orange Pekoe (feito a partir do gomo apical e da primeira folha do rebento, resultando numa rica infusão, com sabor e perfume delicados), o Pekoe (originário da segunda folha, tem um paladar e aroma menos acentuado ) e o Broken Leaf (feito a partir da terceira folha e de folhas partidas, é menos aromático mas mais suave).
O chá verde (Hysson) difere ligeiramente no processo de transformação. Após a colheita, as folhas são sujeitas a um processo de steaming, que consiste na aplicação de vapor de água que leva à inactivação de enzimas, impedindo a fermentação (ou mais correctamente a oxidação). As folhas são depois enroladas, secas e de novo enroladas. Ficam, no final, com uma cor verde-azeitona, escura e inteiras.

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Jorge, Sandra (2002), «Acerca do chá». Ciência Viva

~~~~~ + informações

16.3.06

uma rede em forma de cultura

o REDECULTURAL —o

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Não é uma agenda cultural mas sim uma base de dados de informação cultural, ou seja, um local onde é possível consultar os eventos que já ocorreram, os que estão a decorrer e os que irão ocorrer em Portugal.

qualquer pessoa pode divulgar gratuitamente um evento cultural que ocorra em Portugal / é possível configurar uma newsletter semanal, apenas com a informação que quer receber

memória tipográfica

// Type Navigator /


the world's first interactive visual font search system /
identify fonts by memory alone

15.3.06

np: dezassete e cinquenta e quatro



Clouddead // The Teen Keen Skip

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Ten, 2004

14.3.06

interrupção para compromissos publicitários

no mesmo espaço

Ambiente da casa, dos cafés, do bairro
que vejo e que percorro: ano após ano.

Criei-te de alegrias e tristezas:
de tantas circunstâncias, tantas coisas.

E já não és senão como te sinto.

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Constantino Cavafy, 90 e Mais Quatro Poemas
Edições ASA, 2003, pág. 121

5.3.06

np: meio-dia e vinte e um



Sufjan Stevens // Come On! Feel the Illinoise!
(Part I: The World's Columbian Exposition — Part II: Carl Sandburg Visits Me in a Dream)
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Illinois, 2005 /
artwork Divya Srinivasan

a cor do chá



Todos os chás nascem da Camellia sinensis ou dos seus híbridos. As diferenças de tratamento, de qualidade, de preparação e de período de colheita levaram à criação de categorias que permitem transcrever as suas infinitas subtilezas.

Os chineses foram os primeiros a elaborar distinções baseadas na cor da infusão: branca, verde, amarela ou vermelha, cada uma acompanhada de matizes mais ou menos carregados. Assim, distinguem os chás brancos e os chás verdes, ambos não fermentados, os chás semifermentados — que sofrem uma fermentação limitada —, os chás perfumados, os chás comprimidos e, finalmente, os chás pretos ou fermentados.

Os ocidentais criaram uma classificação diferente, que tem em conta os graus de fermentação e os processos de fabrico. Os chás pretos são portanto hierarquizados segundo o tipo de colheita e o seu gosto mais ou menos encorpado. Os outros chás são hierarquizados segundo critérios estéticos que se prendem com a forma das folhas: chatas (Lung Ching), enroladas em bola (Gunpowder), torcidas (Oolong da Formosa) ou armadas (em forma de ramos de flores, estrelas, pérolas...). Os rebentos e as folhas mais tenras atestam, além disso, uma qualidade superior.

3.3.06

uma coisa em forma de concurso



// JOVENS CRIADORES 2006 //
Artes Plásticas, Banda Desenhada, Ciber Arte, Dança, Música, Design de Equipamento, Design Gráfico, Ilustração, Joalharia, Literatura, Moda, Fotografia, Vídeo.

Os concursos Jovens Criadores, uma organização conjunta da Secretaria de Estado da Juventude e do Desporto, do Instituto Português da Juventude e do Clube Português de Artes e Ideias visam incentivar e promover valores emergentes das diferentes áreas artísticas.
Do concurso resultará uma selecção de projectos que será apresentada numa Mostra Nacional e na qual serão indicados os representantes portugueses para um evento de carácter internacional.

// data limite inscrição / 21 de Abril

das coisas nascem coisas



// atelier-v /
era uma vez uma mola...

2.3.06

uma coisa em forma de chá

«Bebe-se chá para esquecer o bulício do mundo», murmurava T'ien Yi-Heng muito antes de a sua paixão, mais exigente do que a do ouro, segundo se diz, ser partilhada por apreciadores dos quatro cantos do mundo.
Bebida única, o chá é celeste por nascimento: as suas primeiras gotas, diz a lenda, humedeceram os lábios divinos do imperador Chen Nung.
Mas o seu segredo reside, sem dúvida, em algo mais: nas suas qualidades quase humanas. O chá relata, convida à viagem, é partilhado, aproxima as culturas, dá-se aos poetas, é desde logo gesto de hospitalidade e de convívio. Nenhum outro produto da terra suscitou, ao longo dos séculos, rituais tão subtis, ou inspirou um refinamento igual ao dos objectos que o servem.

Desde que foi descoberto e até ao início do século XVII, o chá permaneceu desconhecido do Ocidente e apanágio quase exclusivo da China. O seu cultivo só timidamente se evade para os limites do país: a Coreia, o Tibete, o Japão foram os primeiros a receber os seus benefícios. Foram os oásis e caravanas da rota da seda que albergaram os primeiros marcos de uma via mercantil cujo progresso continuava a ser, no entanto, confidencial.
Se a terra permite às tradições criarem raízes, foi o mar o teatro da formidável expansão que os séculos XVII e XVIII iriam imprimir ao comércio do chá. As companhias de navegação inglesa, francesa e holandesa desenvolveram todos os esforços para negociar, ao melhor preço, acordos com a impenetrável China e aí implantar os seus entrepostos. A história fervilha então com surdas manobras, povoa-se de personagens inquietantes e favorece o engenho.

Em 1849, Robert Fortune percorre a China de liteira, disfarçado de mercador chinês e depois de mandarim mongol, e espiona ao serviço de Sua Graciosa Majestade, furtando finalmente o segredo do fabrico do chá. Graças a ele, serão plantados vinte mil pés da «árvore do chá» nos contrafortes do Himalaia. Aclimatadas ao Ceilão (Sri Lanka), as plantas do Assam farão deste país a «ilha do chá».
No início do século XX, surge uma nova personagem, Thomas Lipton. A sua audácia - combinada com um sentido ímpar da comunicação - impele-o para Ceilão, leva-o a dispensar intermediários e a diminuir o preço do chá para o tornar acessível aos mais humildes.

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Kitti Cha Sangmanee

1.3.06

uma coisa em forma de coincidência

Há homens que não suportam a ideia da amizade por verem nela apenas uma submissão ao de quem são amigos. E a forma de lutarem contra tal submissão é traírem. Há homens em quem a traição é assim a forma inata de afirmarem uma independência que não têm.

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Vergílio Ferreira, Conta-Corrente 4

np: vinte e duas e quarenta e três



Deerhoof // O'Malley, Former Underdog

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The Runners Four, 2005